sábado, 24 de janeiro de 2015

Oi, EU SOU UM CACHORRO...(HISTÓRIA EMOCIONANTE)

Assim que nasci, não enxergava nada, me arrastava pra lá e pra cá guiado apenas pelo cheiro da minha mamãe, sobia em cima dos meus irmãozinhos, as vezes ate ficava por baixo sofrendo com o peso deles, mas sempre era uma brincadeira e a mamãe dava um jeitinho... Comecei a dá os primeiros passos, cair várias vezes, sentia meus dentinhos saindo, e a vontade de morder era demais para poder afiar e testar sua força, e então a brincadeira preferida entre eu e meus irmãos era de morder; mas fomos crescendo, e as mordidas começaram a doer e a mamãe começou a nos corrigir, eu já andava certinho, as vezes até corria, mas na maioria das vezes tropeçava, tentei até latir, mas não saia uma voz muito legal, falhava, eu só queria ser igual a mamãe...
Assim que parei de mamar, nossos donos levaram a gente pra um feira, onde várias pessoas passavam e sorriam, brincava e nos acariciavam, eu amava me sentir amado; uma moça parou e falou com meu dono e levou meu irmãozinho, ele foi feliz, em seguida, outra moça parou e levou um casal de irmãozinhos também, juntamente com seu marido, e sobrou apenas eu e minha mamãe, fomos para casa...
No outro final de semana retornamos a feira, e fiquei ali,parado olhando várias pessoas caminhar pra lá e pra cá na minha frente, até que uma garotinha se abaixou na minha frente e me pegou no colo, e falou algo com seu pai, que fez uma cara feia, mas parecia que era aniversário dela, e ele a presenteou comigo, então ela me abraçou, me pegou no colo e saiu me chamando de Tito, me deu beijo, carinho, comprou várias roupinhas, e comidas deliciosas para filhotes, comprou também vários brinquedos pra mim morder, e uma caminha confortável e macia... foi fantástico.
Fui crescendo, e meus donos passaram a me colocar do lado de fora da casa, eu chorei na primeira semana, mas logo me acostumei, ela sempre parecia para me dá ração e água, eu ia brincar com ela, pular, mas ela sempre me afastava e falava que estava sujando sua roupa, mas mesmo assim eu o amava muito.
Então cresci, fiquei um cão de porte médio/grande, minha dona se mudou, parece que agora tem um namorado e moram em apartamento, e disseram que eu não poderia ir, e deveria ficar com seu pai, o velho da cara feia que nunca demonstrou nenhum afeto por mim, mas eu sempre tentava brincar com ele, só que ele me chutava toda vez que eu me aproximava...
Todo fim de semana minha doninha ia me visitar, até que pulou um, dois, e até que eu nunca mais a vi, passei a ficar nos fundos amarrado em uma corrente, recebia apenas arroz e bebia só água da chuva, e quando eu latia recebia várias chineladas...
Um dia conseguir me soltar pois fazia muito frio, e fui me deitar no chão da área dos fundos, tirei o melhor cochilo da minha vida após vários meses, só que no meio da noite, sentir uma dor imensa, o velho me deu uma paulada enorme e gritou "SAI DAQUI CACHORRO NOJENTO" e eu corri para o final da casa, ele então me pegou pela corrente e me colocou no carro, fiquei feliz, pensei que iria me levar pra casa da doninha, mas era tudo ilusão, assim que parou o carro, ele me desceu, e me amarrou em uma árvore, eu não via nenhuma casa, nenhuma pessoa, sentir fome e sede, o fria fazia eu me tremer tanto que não conseguia dormir, as formigas começaram a morder meu corpo e comecei a agoniar, então criei forças e me soltei, e corri, corri muito, até chegar em bairro.
Comecei a me aproximar das pessoas, mas elas me jogavam pedra, e fazia barulhos com a boca pra me se afastar, então corria para de um lado para o outro, vi vários cães se alimentando de lixo, e essa foi a mesma opção que restou para mim, já que era a minha vida que estava em jogo.
Até hoje continuo assim, andando pelas ruas, comendo lixo, bebendo água da chuva, e muitos erram meu nome, me chamam de vira lata, eu durmo nas calçadas, muitas vezes acordo em outros lugares, e cada dia que acordo vivo é uma vitória surpreendente. Assim vou vivendo a espera de uma segunda chance, ou a espera de acordar amanhã com vida.

- Lucas Henrique


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