CANETA DERRAMA
Escrever é o meu vício
Quero sempre
Quero agora
Cada rima lançada
Leva um pedaço
Da minha história
Caneta derrama
O que em mim transborda
Sentimento em linha reta
Fabricado em vida torta
Falou que o vagabundo
É poeta idealista
Desacreditou da roupa suja
Mas aplaudiu a mente artista
Um poeta mora em mim
Um poeta fala dor
Falador de sentimentos
Que em tantos trabalhou
Trabalhador
Trabalha a dor
Constantemente
Até que a gota de tristeza
Vire lábios sorridente
Não é a etiqueta obrigatória
Que domina um poeta
Minha torta trajetória
Me trouxe à vida certa
Reclamam da minha vida
Meu caminho
Minha sombra
Mas na estrada da minha vida
Ninguém me deu carona
Não piso e nem esqueço
Quem já me fez sorrir
Se cheguei aqui primeiro
Te estendo a mão
Para subir
A cabeça funcionando
És meu quinto elemento
E o tempo aqui gerou
Overdose de amadurecimento...
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MEU IMPROVISO - RAP
A rima brota em minha mente
E disparo na roda
Palavras consciente
Trava a mente
De quem se choca
Meu improviso minha vida
Indústria do vagabundo
Fabrica rima certeira
Gerada em dez segundos
Não do lucro pro estado
Em nome da minha arte
Mc vendido fala
- Que se vender faz parte
Contra esse argumento
De cachorro que late
Digo através dos versos
E minha ideologia invade:
Faz parte o caralho
Sem visão do RAP cego
Respeita a poesia
Leva essa herança a sério
Uma herança
Um legado
Uma vida
Um microfone
No livro do Rap
Leitura a fone
Na pele da arte
Tatuo o meu nome
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Corro atrás
As vezes tropeço
Mas se a chegada for você
Pra ser perfeito eu recomeço
Sigo em frente
Pego distância
Te encontro novamente
Em minhas andanças
Sem placa
Perdido
Encontro o caminho
Não foi direção errada
Foi trajeto do destino
Me encontro
Peço atenção
Arranquei rumo a você
Atalho para o coração!
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Seu amor é como versos
Quem diria...
O ruim de amar em letras
É que nem todos lêem poesia
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JOGOS MUNDIAIS DOS POVOS INDÍGENAS
Jogos da elite
Isso me indigna
Furo de milhões
Em nome dos indígenas
Sem respeito
Sem compromisso
E nada aconteceu
Levanta a mão e aplaude
Geração de Katia Abreu
Mortes disfarçadas
Por todo Brasil
PEC's vergonhosas
Vai dizer que nunca viu?
Viva a fantasia
Que pro indígena é cruel
Pro prefeito é muito simples
Medalhas e troféus
Se minha crítica és um crime
Onde é o banco dos réus?
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Letras de Álcool
Uma dose de 51
E me traz aquele limão
Se tiver um sal também
Por favor, irmão
Chegou no balcão
Trouxe o corpo pra perto
Caneta e guardanapo
Poesia de boteco
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BACULEJO POÉTICO
Fui escrever um poema
Em um belo fim de tarde
Polícia em trabalho
Recebi uma abordagem
Não sabia o que fazer direito
Coloquei o meu poema
No meu bolso esquerdo
E agir naturalmente, pra sair ligeiro
- O que você tem no bolso?
- Meio verso de poesia
- Você usa diariamente?
- Só na falta de alegria
- Pra te animar?
- Não, senhor
- Pra quê então?
- Eliminar a dor
- É arma isso daí?
- Também
- Por quê?
- Se atingir todo mundo, não sobra ninguém
O policial pediu pra ler
O que ali estava escrito
Deixou o papel cair no chão
E olhou pro seu amigo
Abaixei a cabeça
Pra não tomar uma dura
Eles tiraram suas armas
E colocou na viatura
Saíram caminhando
Sem farda pela rua
Sorrindo para as crianças
No momento que caiu a chuva
Eu de longe
Sorri também
Falei que se atingisse
Não sobraria ninguém.
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ILUSÓRIA
Ele falava pra si mesmo
Que és forte e resistente
Acreditava em uns poemas
Que diziam "Siga em frente"
Sorria pro seu amigos
Falava do sistema
Bebia umas cervejas
E arrotava seus problemas
Ia até a praia
Olhava pro horizonte
Nas águas da felicidade
Ele procurava a fonte
Subia na moto
Colocava o capacete que resistia o vento
Protegia sua cabeça lá fora
Mas jamais a parte de dentro
A parte de dentro
A parte ilusória
A parte que pra uns ele lamenta
E pra outros vira história.
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Ele sorriu pela manhã
Ele sorriu pela tarde
Ele sorriu pela noite
Mas na madrugada choveu...
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AUSÊNCIA
Eu vim pra casa mais cedo
A noite não foi boa
Meu copo tava lotado
De vazio da pessoa
Pela manhã minha olheiras
Reflexo da sua ausência
Olhos que não se fecham
Por falta de paciência
Ansiedade de te ter
Meu amor é uma caixa vazia
Mas se um dia eu te esquecer
Ta lacrada com poesia
Resolvi seguir em frente
Descarrego nesses versos
Já não posso lutar tanto
Mas ainda te quero perto
Entre sonho e realidade
Entre vício e desejo
Se um dia quiser voltar
Estou no mesmo endereço.
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ABSTINÊNCIA DE VOCÊ
Na sua ausência,
A cerveja fica quente
As pessoas ficam sem graça
Meu sorrisos são forçados
E meu olhar sempre disfarça
Na sua ausência,
Não há segredos
Não há gargalhadas
Não há aquela alegria
De uma boa madrugada
Na sua ausência,
A cama fica desconfortável
O abraço vai pro travesseiro
O orgulho que condena
Abstinência do seu cheiro ....
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Não gosto de depois,
tenho um certo vício pelo agora
Se a vida for um livro
quero ser uma longa história.
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AMOR ATÉ O DEPOIS
Ele teve o seu corpo mas rejeitou seu coração
Ela se entregou de uma vez sem prestar atenção
Ele ligava a noite pra marcar um motel
Ela pensava o dia inteiro nesse falso mel
Ele de galho em galho, colecionava ninhos
Ela se enganava achando que ele ta sozinho
Ele a iludia por mais noite de amor
Ela se entregava e no romance mergulhou
Ele foi sumindo depois de matar seu prazer
Ela ficando só sem saber o que fazer
Ele seguiu beijando lábios livres na cidade
Ela derramava lágrimas pelas falsas verdades
Ele muito frio, curtição, sexo e bebida
Ela sentia algo e queria companhia
Ele ficou mais velho e cansado de aventura
Ela também foi crescendo e se tornou madura
Ele lembrou daquela morena dos olhos castanhos
Ela rejeitava pensar naquele estranho
Ele voltou atrás tentando ligar
Ela não atendia e desligava o celular
Ele orgulhoso, não se sentia feliz
Ela tava segura e sabia o que quis
Ele atacado pelo álcool acabou ficando doente
Ela estranhou o fato dele ficar ausente
Ele em estado grave vivendo de remédios
Ela descobriu e foi atrás dos médicos
Ele virou menino, doente e sem fé
Ela abandonada de menina foi a mulher
Ele sem esperança, abalando o emocional
Ela para o carro e desce em frente o hospital
Ele ver os equipamentos ja dando sinal fraco
Ela deixa correr uma lágrima ao ver ele no quarto
Ele olhando pra cima com a feição torta
Ela enxuga a lágrima, pega a bolsa e abre a porta
Ele olha pro lado, debilitado mexe a boca
Ela senta do lado e põe cabeça dele em sua coxa
Ele agradece sua presença e fala que a ama
Ela só concorda ao ver ele naquela cama
Ele muito fraco em estado terminal
Ela fala dos momentos felizes
Ele dizia foi legal
Ele à pergunta porque ela apareceu
Ela diz pra ele fazer silêncio
Ele não obedeceu
Ela diz pra ele não se mexer por causa dos batimentos
Ele sente seu coração levemente enfraquecendo
Ela o abraça e fala que o ama
Ele nos últimos suspiros senta naquela cama
Ela se espanta e pede pra deitar
Ele sempre marrento nem à deixa falar
Ela olha no olho dele e passa a mão no seu rosto
Ele lembra dos erros que cometeu com os outros
Ela o perdoa, olha pro equipamento dando pouco sinal
Ele sentiu amor de verdade em uma cama de hospital
Ela falou pra ele que o amor é paciente
Ele ainda reclama por ter sido muito ausente
Ela o abraça e beija seu pescoço
Ele chora por amor mas não sustenta seu corpo
Ela o ver caindo e chama por ajuda
Ele ja fechando o olho mas sua mão ainda segura
Ela sente uma dor sensação de despedida
Ele sentiu amor só no final da sua vida
Ela olha pra ele ja sorrindo e chorando
Ele dá o último sorriso com o coração parando
Ela não sustenta a morte dele e se entrega ao emocional
Ele conheceu o amor em uma cama de hospital
Ela agradece ao universo sente seu corpo arrepiar
O amor chegou antes do seu coração parar
Ela ainda triste mas se sente agradecida
Feliz é aquele que por uma vez amou na vida.
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Só pra lembrar
A indústria do álcool
Agradece o que você quer esquecer
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Ai eles me falaram que vão mudar o país
Que ninguém passaria fome e viveria feliz
Que teria emprego, escola e faculdade
Qualidade de vida sem pensar em classes
Ai eu olhei pro lado dei um sorriso
Tão vendendo inferno pra lucrar com paraíso.
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AUTOR: LUCAS HENRIQUE